Portugal tem no seu ADN uma enorme capacidade de exportação. Na linha da frente destacam-se produtos como o calçado, a cortiça e o vinho, mas muitos outros poderiam ser referidos. A paixão de fazer bem e levar o nome de Portugal além-fronteiras é muito nossa e isso sempre transmitiu confiança aos importadores.
A valorização de Portugal é um trabalho contínuo que precisa e deve ser pensado em todos os segmentos económicos. No caso particular das Aguardentes Portuguesas, as exportações ainda podem crescer muito. É um setor com carácter, de excelência e com uma forte tradição.
Regressemos aos anos da sua génese. Em Portugal, as primeiras alusões à aguardente vínica são do ano de 1620. A sua utilização encontrava-se essencialmente associada à produção do Vinho do Porto. Por contraposição aos tempos iniciais, porém, tornou-se hoje errónea a ideia de que uma aguardente vínica resulta da destilação de vinho inapropriado para consumo. Já estamos noutra fase. Numa fase de refinação extrema, em que o vinho destinado à destilação deve ser elaborado com esse propósito e obedecer a critérios rigorosos.
Em Portugal, produtores e marcas, colocam as aguardentes portuguesas além-fronteiras. É o caso da Aguardente CR&F que está atualmente distribuída em mais de 20 países do globo. Ainda assim, poderemos dizer que persistem algumas barreiras comerciais à designação “Aguardente Portuguesa” pelo mundo. Pois é a França e as suas Denominações de Origem, Armagnac e Cognac, que produzem as aguardentes vínicas mais vendidas e que, com os nomes correspondentes às suas regiões, dominam grande parte do espaço comercial.
Tais barreiras começariam a ser superadas ao unir o país em torno do orgulho por esta sua obra patrimonial com um “dia da aguardente portuguesa”. Um dia em que se promovesse este cunho lusitano e se homenageassem todos os produtores nacionais, bem como os seus apreciadores. Um dia que convida à prova todos aqueles que estão além-fronteiras. Em que se abrem as portas dos produtores para entrar na história das suas inúmeras curiosidades. Ou de restaurantes e bares, em Portugal e por este mundo fora, com iniciativas que congratulam esta arte, como já acontece no Dia do Vinho, do Vinho do Porto ou até do Whisky.
Ainda assim, poderemos dizer que persistem algumas barreiras comerciais à designação “Aguardente Portuguesa” pelo mundo. Tais barreiras começariam a ser superadas ao unir o país em torno do orgulho por esta sua obra patrimonial com um “dia da aguardente portuguesa”.
As Aguardentes Portuguesas – que na atual legislação podem ter uma graduação alcoólica igual ou superior a 36º – exportam hoje cerca de 20% da sua capacidade. Grande parte da sua exportação atual destina-se a mercados com ligação a Portugal, dentro das comunidades portuguesas, mas há muito potencial para abrir os horizontes a outras regiões. As principais características que distinguem cada aguardente portuguesa refletem o seu blend e o seu envelhecimento e, dependendo da sua origem, podem ser vínicas, brandy e bagaceiras, e facilmente apreciadas por todas as nacionalidades.
O Dia da Aguardente Portuguesa seria mais um passo no sentido de que todas estas iniciativas fossem faladas e espalhadas de forma universal. A palavra aguardente entraria num ritmo económico superior e, a partir daí, poderia ser mais capitalizada por cada produtor e marca.
Pensemos na justa valorização deste tesouro português.
Este processo poderá levar o seu tempo, mas a sabedoria das aguardentes ensina-nos que, para que a arte atinja a perfeição, por vezes vale a pena esperar.
Um brinde.
O DIA DA AGUARDENTE (PORTUGUESA) | VISÃO